Stuhlberger vê Brasil “muito beneficiado“ em guerra comercial de Trump

Stuhlberger vê Brasil "muito beneficiado" em guerra comercial de Trump

As tarifas recíprocas comerciais anunciadas pelo presidente Donald Trump representam uma mudança geopolítica e comercial significativa e um risco de cauda aos mercados, mas, no relativo, o Brasil saiu beneficiado, avaliou o presidente da prestigiada gestora Verde Asset, Luis Stuhlberger.

“O Brasil saiu muito beneficiado dessa história”, disse em evento de lançamento de fundo de previdência privada multimercado da Icatu Seguros em parceria com a Verde, citando a “balança comercial equilibrada” entre ambos os países, o que permitiu a tarifa mínima, de 10%.

“Resta saber se o Brasil vai saber aproveitar essa oportunidade”, acrescentou o gestor da Verde, que tem R$ 17 bilhões em ativos sob gestão.

Trump anunciou uma tarifa de 10% para os produtos brasileiros, enquanto outras economias tiveram taxas maiores, como China, que ficou com 34%, além dos 20% aplicados anteriormente. O governo brasileiro responderá às tarifas com base no projeto de reciprocidade aprovado pelo Congresso.

Stuhlberger observou que o anúncio surpreendeu, mas que o estilo de Trump na linha “dou uma paulada e depois negocio” pode significar que esses percentuais diminuam. “Não quer dizer que as tarifas vão para zero… Na margem, pode melhorar. Mas não esqueçam que antes de melhorar pode piorar”, afirmou.

Stuhlberger enxerga como pior cenário a China decidir não vender mais determinados produtos para os EUA.

“E aí os EUA param por falta de produto chinês… A China não vai fazer isso amanhã. Mas temos que estar sabendo que existe um ‘tail risk’ no mercado, existe um ‘tail risk’ que os mercados não precificam’”, afirmou. “Temos que levar em conta que estamos em um ambiente novo e difícil.”

Na visão do gestor, a economia norte-americana caminha para uma forte desaceleração, embora o mercado de trabalho ainda dê sinais de estabilidade.

A Verde, afirmou, deve revisar para baixo sua estimativa de crescimento do PIB dos EUA em 2025, atualmente de 1,4%. “Provavelmente, a próxima previsão vem com um número muito mais abaixo do que esse…perto de zero… Não acho que chegue à recessão, mas ainda vai cair bastante.”

Em paralelo, Stuhlberger vê riscos altistas para a inflação, principalmente na parte de bens, com o efeito das tarifas anunciadas, embora também enxergue alguns componentes contrabalançando esse movimento, como preços menores de energia, do petróleo e aumento menor de salários.

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