O projeto de gestão das águas do rio São Francisco pode se tornar a primeira parceria público-privada (PPP) “pura” do governo federal. A informação consta no último relatório iRadarPPP, elaborado pela consultoria Radar PPP e antecipado.
O governo federal nunca assinou PPP no sentido estrito previsto na Lei 11.079/2004 — o marco legal das PPPs.
Segundo a legislação, enquadram-se nessa definição as concessões à iniciativa privada com aporte financeiro governamental. As rodovias concedidas, por exemplo, são pagas totalmente com a cobrança do pedágio.
O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), lançou, no fim de janeiro, a consulta pública do projeto de gestão das águas do São Francisco.
A transposição beneficia 12 milhões de brasileiros, levando recursos hídricos para quatro estados do Nordeste – Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte – que sofrem com a escassez e irregularidade das chuvas.
A transposição do São Francisco está em pleno funcionamento, mas carece de uma gestão centralizada. A PPP tem como objeto a operação do sistema – o que inclui, por exemplo, a manutenção e eventual troca de bombas e estações elevatórias.
Sócio da Radar PPP, Guilherme Naves aponta como um dos motivos para o governo federal caminhar em direção a sua primeira PPP “genuína” o esgotamento de projetos viáveis sem pagamento governamental.
Naves destaca ainda que o governo, apesar de nunca ter assinado uma PPP, costumeiramente faz pagamentos com recursos do Tesouro Nacional para apoiar projetos de estados e municípios.
Também relembra que a gestão federal subsidia empréstimos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para empreendimentos.