A Instituição Fiscal Independente do Senado Federal (IFI) estima que o governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e INSS) tenha acumulado superávit primário de R$ 54,2 bilhões no primeiro bimestre deste ano.
Se confirmado, o número mostra uma alta relevante frente ao mesmo período de 2024, quando o saldo foi positivo em R$ 21,2 bilhões.
Os cálculos, feitos com base em informações do Siga Brasil, constam do Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) de março, divulgado nesta quinta-feira (20).
Apesar do incremento, o diretor da IFI Alexandre Andrade e o analista Pedro Souza, autores do estudo, destacam que os números ainda têm de ser vistos com cautela e não necessariamente apontam para uma tendência.
Considerando a trajetória esperada para a despesa primária, a IFI calcula que haveria a necessidade de bloquear pelo menos R$ 18,6 bilhões em gastos.
A instituição espera que o governo central tenha um déficit primário de R$ 71 bilhões este ano, equivalente a 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) – contando o pagamento de R$ 44,1 bilhões em precatórios, que fica fora da meta fiscal. Com isso, o governo deve cumprir o alvo de déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto porcentual do PIB para mais ou menos.
Andrade e Souza estimam que as receitas primárias tiveram crescimento real de 3% no primeiro bimestre ante o mesmo período de 2024, para R$ 505,8 bilhões. A alta foi puxada pelas receitas administradas (+3,9%) – com destaque para o imposto sobre importação (+46,6%) e o IPI (+24,4%).
Com isso, a receita primária líquida atingiu 18,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
“Para efeito do cumprimento da meta de resultado primário em 2025, será importante que a receita líquida permaneça em nível relativamente elevado, como observado em fevereiro”, afirmam.