A Rússia declarou nesta sexta-feira (7) a importância de um diálogo com os Estados Unidos sobre o controle de armas, após o amplo apelo do presidente americano, Donald Trump, para que as potências nucleares globais abandonassem seus armamentos.
O Kremlin expressou que tais discussões também deveriam abranger os arsenais nucleares da Europa, especialmente após a sugestão do presidente francês, Emmanuel Macron, de ampliar a proteção das armas nucleares francesas a outras nações do continente.
Trump, que manifestou o objetivo de fazer do desarmamento nuclear uma prioridade em seu segundo mandato, afirmou na quinta-feira (6): “Seria ótimo se todos se livrassem de suas armas nucleares“.
Ele complementou: “Sei que a Rússia e nós temos, de longe, o maior número. A China terá uma quantidade igual dentro de quatro, cinco anos. Seria ótimo se pudéssemos todos desnuclearizar, porque o poder das armas nucleares é insano“.
Questionado sobre as declarações de Trump, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse aos jornalistas: “O diálogo entre a Rússia e os EUA sobre o controle de armas é necessário, especialmente no que diz respeito à estabilidade estratégica.“
Ele enfatizou que os arsenais nucleares europeus não podem ser ignorados neste diálogo. A questão, segundo ele, ganhou maior urgência desde o discurso de Macron na quarta-feira (5), no qual ele lançou a ideia de estender uma proteção nuclear francesa para outros países e classificou a Rússia como “uma ameaça para a França e a Europa”.
A Rússia expressou que o discurso continha ameaças e “notas de chantagem nuclear“. O Kremlin considerou o discurso altamente confrontacional e alegou que a França estava reivindicando “liderança nuclear na Europa“.
A Rússia e os Estados Unidos são as maiores potências nucleares do mundo, com mais de 5 mil ogivas nucleares cada. A China possui cerca de 500, a França 290 e o Reino Unido 225, de acordo com a Federação de Cientistas Americanos.
Um tratado de armas nucleares entre EUA e Rússia, que limita o número de ogivas nucleares estratégicas que ambos os países podem implantar, deve expirar em fevereiro de 2026. Um alto funcionário russo alertou no mês passado que a perspectiva de extensão do tratado, conhecido como Novo START, não parecia “muito promissora“.
Trump declarou em fevereiro que desejava ter conversas com Putin e seu homólogo chinês, Xi Jinping, sobre a imposição de limites aos seus arsenais nucleares.
Ele não especificou um cronograma para essas discussões, mas expressou a esperança de iniciá-las em um “futuro não muito distante“.