EUA estão destruindo a ordem mundial, diz embaixador ucraniano

EUA estão destruindo a ordem mundial, diz embaixador ucraniano

O embaixador da Ucrânia no Reino Unido declarou que os Estados Unidos estão “destruindo” a atual ordem mundial. Os comentários surgem em um momento delicado, com a Ucrânia buscando reparar a relação com o governo americano após um encontro considerado desastroso entre Volodymyr Zelensky e Donald Trump na Casa Branca.

Valerii Zaluzhnyi também alertou contra qualquer tentativa dos EUA de buscar um meio-termo com a Rússia. O diplomata, que foi demitido do cargo de chefe militar da Ucrânia no ano anterior em uma grande reformulação antes de assumir sua posição diplomática atual, é visto como um potencial candidato à presidência.

Após tensões em Washington, a administração Trump interrompeu a ajuda militar à Ucrânia e suspendeu o compartilhamento de informações de inteligência, aumentando os temores em Kiev de que o governo republicano estaria se aproximando da Rússia.

“Não é apenas o ‘eixo do mal’ e a Rússia tentando revisar a ordem mundial, mas os EUA estão finalmente destruindo essa ordem”, afirmou Zaluzhnyi, durante um painel no think tank britânico Chatham House.

Zaluzhnyi argumentou que o governo dos Estados Unidos havia “questionado” a unidade do mundo ocidental ao iniciar negociações com a Rússia, deixando a Ucrânia e a Europa de lado.

“Agora, Washington está tentando delegar as questões de segurança para a Europa sem a participação dos EUA”, acrescentou.

O diplomata também questionou o futuro da aliança militar da Otan, dizendo: “Podemos dizer que em um futuro próximo a Otan também pode deixar de existir”.

“Vemos agora a Casa Branca dando passos em direção ao Kremlin, tentando encontrá-los no meio do caminho, então o próximo alvo da Rússia pode ser a Europa”, completou.

As declarações surgem em um momento em que a Europa tem se esforçado para garantir suas capacidades de defesa, após a mudança de política dos EUA, gerando temores de que a Europa não possa contar com o apoio americano diante da ameaça russa.

Os aliados europeus da Ucrânia se uniram em apoio a Zelensky após o confronto entre ele e Trump no Salão Oval, que culminou com a saída do líder ucraniano da Casa Branca.

Desde então, Zelensky tem buscado aliviar as tensões com a administração Trump, reconhecendo que a reunião acalorada “não ocorreu como deveria”, classificando-a como “lamentável” e afirmando que a Ucrânia está pronta para negociar o fim do conflito.

Enquanto isso, líderes europeus se reuniram para uma cúpula de emergência em Bruxelas, onde reiteraram seu apoio à Ucrânia enquanto o país busca um assento na mesa de negociações.

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, entrando no território por três frentes: pela fronteira russa, pela Crimeia e por Belarus, país aliado do Kremlin.

Forças leais ao presidente Vladimir Putin conseguiram avanços significativos nos primeiros dias, mas os ucranianos conseguiram manter o controle de Kiev, apesar dos ataques à cidade. A invasão foi alvo de críticas internacionais e o Kremlin foi submetido a sanções econômicas do Ocidente.

Em outubro de 2024, após milhares de mortes, a guerra na Ucrânia entrou no que analistas descrevem como o momento mais perigoso até agora.

As tensões aumentaram quando o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou o uso de um míssil hipersônico de alcance intermediário durante um ataque em solo ucraniano. O projétil carregava ogivas convencionais, mas é capaz de transportar material nuclear.

O lançamento ocorreu após a Ucrânia realizar uma ofensiva dentro do território russo, utilizando armamentos fabricados por potências ocidentais, como os Estados Unidos, o Reino Unido e a França.

A inteligência ocidental denuncia que a Rússia está utilizando tropas da Coreia do Norte no conflito na Ucrânia. Moscou e Pyongyang não negam nem confirmam a informação.

O presidente Vladimir Putin, que substituiu seu ministro da Defesa em maio, afirmou que as forças russas estão avançando de forma mais eficaz e que a Rússia alcançará todos os seus objetivos na Ucrânia, embora não tenha fornecido detalhes.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acredita que os principais objetivos de Putin são ocupar toda a região de Donbass, abrangendo as regiões de Donetsk e Luhansk, e expulsar as tropas ucranianas da região de Kursk, na Rússia, das quais controlam partes desde agosto.

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