A suposta operação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra o governo do Paraguai foi uma ação de contraespionagem ao país vizinho, segundo integrantes da Abin.
Sob reserva, funcionários da agência afirmaram que o Paraguai teria investigado o Brasil primeiro, durante as negociações sobre as tarifas da usina hidrelétrica de Itaipu.
Já fontes do Itamaraty alegam que a ação dos paraguaios teria ocorrido em 2022, ainda no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Foi naquele ano que as negociações entre os dois países para a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu – que estabelece a divisão da energia gerada pela usina hidrelétrica – começaram.
O Anexo C deveria ter sido revisto em 2023, após 50 anos de vigência do Tratado de Itaipu, mas o acordo que não foi firmado até hoje.
Diante disso, fontes da Abin alegam que a espionagem conduzida pelo Brasil foi uma resposta ao Paraguai — uma ação conhecida como Contrainteligência.
Segundo interlocutores, a Abin teria buscado informações sigilosas, algo que, para esses servidores, é uma prática comum entre agências de inteligência em todo o mundo.
Em conversa com a reportagem, os profissionais de inteligência citaram um exemplo de 2015, quando os Estados Unidos grampearam o telefone da então presidente Dilma Rousseff (PT).
A informação foi divulgada pelo site WikiLeaks, que revelou documentos sigilosos da diplomacia norte-americana e uma lista classificada pela Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) como “ultrassecreta”.
Para as fontes da Abin, à época, os norte-americanos não se desculparam pelo ocorrido. “Essas ações fazem parte do serviço de inteligência. Esse serviço tem de ser bem-feito. É uma questão nacional e não pode deixar vazar (esse tipo de informação)”, explicou um servidor da agência.