Mesmo com “tarifaço”, ainda é cedo para falar sobre estagflação nos EUA

Mesmo com “tarifaço”, ainda é cedo para falar sobre estagflação nos EUA

As diversas tarifas de importação e outras medidas econômicas protecionistas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, trouxeram a campo um debate que preocupa qualquer economia: o risco de estagflação.

A estagflação ocorre quando uma economia enfrenta simultaneamente alta inflação, desemprego elevado e baixa atividade econômica, uma combinação rara.

Um dos principais exemplos ocorreu nos EUA na década de 1970, durante a crise do petróleo, quando embargos da OPEP dispararam o preço do barril, elevando os custos de produção e impulsionando a inflação. Como a economia americana dependia fortemente do petróleo importado, os impactos foram ainda mais severos.

Alguns economistas comparam a situação à onda protecionista de Donald Trump, alertando que, sem um aumento expressivo – e improvável – da produção industrial, os EUA podem enfrentar alta nos preços e desaceleração econômica.

No entanto, economistas afirmam que ainda é muito cedo para falar de estagflação.

Para Carla Beni, economista e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a situação ainda é muito preliminar, explosiva e midiática.

“Para um cenário de estagflação, é necessária a queda da atividade econômica, aumento do desemprego e aumento de inflação. Isso é muito raro. Não dá para nem pensar na possibilidade de estagflação nesse momento”, disse.

A economista também argumenta que é necessário mais tempo para ver até que ponto as medidas irão amadurecer.

“Precisamos de um tempo de maturação desses resultados, dessas tarifas aplicadas, para ver em até seis meses na economia americana se os preços vão subir, além de acompanhar a queda da atividade econômica por pelo menos dois ou três trimestres”, disse.

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