O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, afirmou no domingo (23), segundo a mídia estatal, que as negociações com os Estados Unidos não serão mais possíveis a menos que certas condições mudem.
A declaração ocorre enquanto Washington aguarda uma resposta ao seu convite para negociações sobre um novo acordo nuclear.
Teerã recebeu neste mês uma carta do presidente dos EUA, Donald Trump, concedendo ao Irã um prazo de dois meses para decidir se participará de novas negociações ou enfrentará sanções mais severas sob a renovada campanha de “pressão máxima” de Trump.
Embora o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, tenha rejeitado a oferta de negociações por considerá-la enganosa, o ministro das Relações Exteriores do Irã declarou na quinta-feira que Teerã responderia em breve às ameaças e oportunidades contidas na carta.
No domingo, Araqchi acrescentou que o Irã não se opõe às negociações por “teimosia”, mas sim por causa da história e da experiência, ressaltando que Washington precisa recalibrar sua política antes que Teerã participe das negociações.
Em seu primeiro mandato, Trump retirou os Estados Unidos de um acordo de 2015 entre o Irã e grandes potências, que havia imposto limites rígidos às atividades nucleares de Teerã em troca de alívio de sanções.
Após a retirada de Trump em 2018 e a restauração das sanções, o Irã violou e ultrapassou em muito esses limites no desenvolvimento de seu programa nuclear.
“Na minha opinião, o pacto de 2015 em sua forma atual não pode ser revivido. Não seria do nosso interesse porque nossa situação nuclear avançou significativamente e não podemos mais retornar às condições anteriores”, disse Araqchi.
“O mesmo pode ser dito das sanções do outro lado. O pacto nuclear de 2015 ainda pode ser uma base e modelo para negociações.”
Potências ocidentais acusam o Irã de buscar armas nucleares por meio do enriquecimento de urânio com pureza de até 60%, acima do que consideram justificável para um programa civil.
Teerã afirma que o desenvolvimento de seu programa nuclear tem fins pacíficos e que respeita seus compromissos sob o direito internacional.