O debate sobre a introdução de uma camisa vermelha na Seleção Brasileira continua acalorado. O jornalista Flávio Gomes, durante sua participação no programa Arena, defendeu a inovação no segundo uniforme da equipe.
Para ele, a tentativa é válida e pode simbolizar aspectos relacionados à história do Brasil.
“A camisa amarela também não foi usada desde o início da história da Seleção Brasileira. Até 1950, o Brasil jogava de branco. Após a derrota no Maracanã para o Uruguai, um concurso promovido por um jornal no Rio de Janeiro resultou na escolha da camisa amarela. As cores da bandeira são importantes, e entendemos que isso seja uma necessidade, até prevista no estatuto. No entanto, o amarelo da bandeira brasileira vem da casa de Habsburgo, dos austríacos, da família imperial, que se uniu à casa de Bragança. O verde, o azul e o branco eram do reino de Portugal, Brasil e Algarve. Nossa bandeira tem raízes imperiais”.
“Criar uma camisa vermelha que remetesse a elementos mais nativos do Brasil, como o pau-brasil ou o urucum, seria uma boa ruptura com o passado da seleção brasileira. A camisa amarela atual, que acredito que não será substituída, foi, de certa forma, apropriada por uma parcela da população de extrema-direita, o que incomoda muita gente”, concluiu.
Flávio Gomes citou exemplos de seleções ao redor do mundo que usam cores diferentes das de suas bandeiras em seus uniformes. Ele também mencionou que o Brasil usa o azul por motivos religiosos, e não necessariamente por ser uma das cores do país.
“A Alemanha, por exemplo, tem a camisa branca como número 1 e a camisa verde como número 2. O Japão joga de azul, a Itália joga de azul. O Brasil poderia justificar uma camisa vermelha com o pau-brasil, que deu origem ao nome do nosso país”, disse o jornalista.
“É importante lembrar que a inspiração para a camisa azul de 1958 veio não só da necessidade de usar uma camisa azul porque o adversário do Brasil na final, a Suécia, jogava de amarelo, mas também por uma questão religiosa de Paulo Machado de Carvalho, que era devoto de Nossa Senhora Aparecida e sugeriu ‘vamos usar a camisa com o manto de Nossa Senhora’. Acho que está na hora de se desligar um pouco dessas coisas todas”, concluiu Flávio Gomes.
A expectativa é que o novo uniforme II seja vermelho. O lançamento dos novos uniformes está previsto para março do próximo ano.
Segundo o estatuto da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a Seleção Brasileira só poderá usar uniformes com as cores existentes na bandeira da entidade, com exceção apenas para eventos comemorativos.